quarta-feira, 10 de julho de 2013

Brincos, piercings, pulseiras.. cupidos da alma feminina

A lista de ornamentos-cupidos é enorme. Pingentes dourados ou prateados, brincos circulares ou retilíneos, pulseirinhas bordadas com esmero, tiaras que dão ar de meninice, fivela que inclina os cabelos.. Como são apaixonantes nas mulheres as pequenas peças. Eles desvelam a alma do charme fatal, o toque de midas passional. Dos objetos vêm a flecha que fere o coração descuidado. A graciosidade é pontual, não precisa de muito esforço.

Tiaras e fitinhas nos cabelos lideram a minha lista. Elas rejuvenescem, dão o ar de meninha que no fundo toda moça tem. Elas adocicam até as mais salgadas, num lírico feitiço e aviso: toda mulher tem seu encanto sintetizado em artesanatos e ourivesarias.

E os brincos? Afora aqueles escandalosos, que transmutam qualquer beleza em peruzice, há os capazes de fazer da orelhinha a reverência de um candidato a amante. Uma estrelinha, um ponto azulado ou um pedaço de ametista prometem mil e uma noites de amor. Por onde pode entrar o sussurro nas noites cálidas há, na borda, a mais singela prataria. Visionário foi Johannes Vermeer, que teve na moça com brinco de pérola sua pintura eterna. Moça que, com o pingente, Scarlett Johanson desfilou no cinema.

A moça com brinco de pérola, do pintor holandês Vermeer, vivida pela estonteante Scarlett Johanson

Eu já me apaixonei por calcanhares cingindos de poesia. A poesia de uma correntinha sem frufru, isônomica em sua repetição de furinhos harmônicos. O osso lateral beijava o bronze e em mim promovia escandalosa hipnose. Com quantas peças se faz um sonho masculino! As pulseiras merecem uma idolatria à parte. Elas e os braceletes, com especial devoção àqueles que mordem o antebraço, a parte mais frágil dessas amas nossas. Há aquelas que usam um batalhão delas, escondendo fragmentos de pele branquinha ou ensolarada. Sequência metálica convidando para a atração fatal. No abraço, o som da música que diz: "Vem sonhar o meu sonho, meu bem!". As pulseiras solteiras têm ainda mais valor. candura rara, evidenciam ainda mais o torso do antebraço,

 Mel Lisboa e um piercing que acaba com qualquer chance de desencanto. 

Os piercings são outros imãs fatais. No meu cardápio predileto desponta o brilhantinho ou pingentinho na lateral do nariz, à Mel Lisboa, compondo música na rima com os olhos verdejantes. Não há mulher que não fique letal com um deles. A composição não permite palavras, apenas um batimento mais acelerado do coração. É um detalhe, um minúsculo, ínfimo detalhe que faz toda a diferença. Se Deus está nos detalhes, ele abriga-se nesse minifúndio do rosto feminino.

Por fim, não poderiam faltar os apliques que abrem alas aos famosos rabos de cavalos. Esses, meus suscetíveis amigos, são os presente mais divinos. São o néctar e ambrosia que o olimpo nos relegou para nos aproximar dessas afrodites. Graças a eles temos a mais perfeita ordem estética. Livram a nuca dos fios, apenas recheado por um cacho bem fornido. Peles morenas, mulatas e claras desfilam com graciosidade sustentadas por ombros delicados. É a parte desfrutável aos olhos de uma mulher que se revela e depois se nega.

As peças que os olhos veem o coração sente. Não há razão, circunstância e argumento que sobreviva aos íntimos ornamentos femininos. Gracias aos céus!

"Hoje é dia de visita, vem aí meu grande amor. Ela vem toda de brinco, vem todo domingo, tem cheiro de flor" (O velho francisco, Chico Buarque de Hollanda)